domingo, 12 de junho de 2011

Variações linguísticas: o modo de falar do brasileiro (Parte 1)



Todas as línguas apresentam variações linguísticas, a foto acima serve para comprovar isso. As línguas podem ser compreendidas por meio de sua história no tempo (variação história, que ocorre de acordo com a visão diacrônica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos. 

1º) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diversos grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; pode-se perceber que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita, ou seja, não se fala como se escreve. Exemplo: uma pessoa de classe alta poderá falar "problema", enquanto uma pessoa de classe baixa poderá falar "pobrema".

2º) Pessoas de um mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso (ou contextos de fala), sejam situações formais, informais ou de outro tipo. Por exemplo, em uma situação informal, um cidadão de classe baixa poderá dizer ao seu amigo: "Carlos, fui no centro hoje e não consegui um emprego." Esse mesmo cidadão poderá falar ao seu ex-patrão: "Marcos, fui ao shopping hoje e ainda não consegui arrumar um emprego."

3º) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, cientistas, filósofos, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo),  jovens, grupos marginalizados e outros. São as conhecidas gírias e jargões.
Por exemplo, um biólogo conversa com outro e cita: " Encontrei um Canis familiaris bastante machucado na rua próxima ao aeroporto." Para quem não sabe, "Canis familiaris" significa cão, ou seja, ocorre na frase uma linguagem científica.

Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados abaixo:



Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco.
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado.
Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe.
Simplificação da concordância: as menina/as meninas.
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: “Chegou” duas moças.
Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de sujeito): Nós pegamos “ele” na hora.
Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (tamém/também).
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem.
Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; amô/amor.
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama.


Curiosidades


Variações regionais: os dialetos
Todos os exemplos que aparecerão em seguida, são amostras de dialetos. Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:

Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.


Fonte: http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u60.jhtm


Postado por: Nícollas Abreu

10 comentários:

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  2. Olá, Nicollas,
    a postagem é muito enriquecedora. Peço-lhe que pense sobre a diversidade de significados da expreassão sociedades complexas, mencionada acima. Se a palavra "diabo" tem muitas variações, imagine a palavra cachaça rss. Por falar nisso, lembrei de uma certa carroça desimbestada...
    Continuem pesquisando. Vocês estão sempre me surpreendendo com a qualidade do material postado.Parabéns!!!!!
    abrs,
    Aluiza

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  3. sensacional esse furo de reportagem.infelizmente as pessoas assasinam a lingua portuguesa, vale como reflexão que país é esse com erros basicos e gritantes, nosso pís esta longe de ser um país letrado.kelly

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Nicollas e demais membros da equipe,
    por favor, revejam a pergunta da enquete, a primeira, porque, da forma como ela foi elaborada, pode sugerir ao leitor que existe uma região que fala melhor que a outra, ok!!! As palavras são caprichosas, por isso atenção!!!!
    abrs,
    Aluiza

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  7. Pessoal, relendo o material de vocês, gostaria que revissem o emprego do termo sotaque, empregado para falarmos de variações no plano fonético, isto é, na pronúncia das palavras, porque o exemplo dado remete a uma variação no plano lexical. Leiam Monteiro (2000) e vejam a diferença entre sotaque e dilaeto. Repensem o exemplo.
    abrs,
    Aluiza

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  8. achei otimo irei salva no favorito

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  9. muito show este site ele tira todas as nossas duvidas

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  10. Eu adorei, de todos que eu vi a sua postagem foi a que mais me ajudou a concluir o meu trabalho.
    Muito obrigada e continue postando.

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