segunda-feira, 27 de junho de 2011

Término do blog?

Sim, queridos leitores, nosso blog está chegando ao fim...
E você? Como diria que o blog está terminando?
Você se “identifica” com alguma destas maneiras de falar?

Capaz!? Barbaridade, o blog já tá acabando... Foi que tri!!!
Cê já vai terminá o blog? Terminá não!
Vão simbora não! Fica mais um taquinho.
Ó painho, o blog já tá acabando...
Vice o blog tá acabando?
Pequeno, o blog tá terminando...
Arre égua macho véi, já tá acabando o blog...

 
Passou quase um mês, precisamente 25 dias... Durante estes dias compartilhamos com vocês sobre a Sociolinguística e os falares do Brasil.
E se valeu apena?
Sim, muito. 
Agradecemos a todos os seguidores, amigos e conhecidos que nos ajudaram. A quem deixou seu comentário, também agradecemos. E também a nossa Professora Dra. Aluiza, que nos orientou durante estes dias.
No que se parecia um dia comum de postagem, a notícia do término do blog nos é lembrada. Meu querido leitor, aqui do blog, não haverá mais postagem.
Ficamos tristes, por não mais compartilharmos as informações de todos os dias, mas a amizade continua, isso vamos afirmar.
Foi prazeroso trabalhar aqui com todos vocês, nos divertimos muito, e sabemos bem. Levem com vocês a nossa amizade e dela não se esqueçam. E lembrem-se de que todos os dias terão um blog sobre a Sociolinguística e os falares do Brasil para relembrarem.


Abraços virtuais a todos!
Equipe: Variantes do Brasil.
Postado por: Laís Aline, Myrella Araújo e Nícollas Abreu.

Resultado da enquete


Depois de algumas semanas de votos, segue abaixo o resultado da enquete: "Qual é a cidade que representa o falar culto do brasileiro?" As opções eram: Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. A opção correta é: Rio de Janeiro. Pode-se comprovar essa opção por meio do livro "Como falam os brasileiros, (pág. 30)". As autoras afirmam: "De todo modo, na cidade do Rio de Janeiro, a escolaridade média de 8,2 é 2,7 anos acima da média nacional. O Rio de Janeiro representaria, por assim dizer, um denominador comum da realidade brasileira por ocupar dentro do país uma posição privilegiada, com a menor taxa de analfabetismo entre as 12 maiores capitais do país e com um em cada cinco adultos, pelo menos, tendo iniciado o curso superior. A escolaridade média da população é de 8,2 anos, taxa insatisfatória para os padrões dos países desenvolvidos, mas bem acima da média nacional de 5,5 anos. Esses dados de natureza educacional (publicados em O Globo de 12.5.2001) poderiam servir como argumentos na defesa de que a linguagem do Rio de Janeiro é o "padrão" nacional."



Queremos agradecer a todos que votaram em todas as enquetes e acessaram o nosso blog! 
Abraços virtuais a todos!
Equipe: Variantes do Brasil.
Postado por: Laís Aline, Myrella Araújo e Nícollas Abreu.

Estereótipos regionais.

Estereótipo: É um conjunto de características presumidamente partilhadas por todos os membros de uma categoria social. É um esquema simplista, mas mantido de maneira muito intensa e que não se baseia necessariamente em muita experiência direta. Pode envolver praticamente qualquer aspecto distintivo de uma pessoa – idade, raça, sexo, profissão, local de residência ou grupo ao qual é associada.






Esta demarcação territorial do Brasil faz com que possamos perceber o quanto de estereótipo temos em relação às regiões. Com isso, por exemplo, no Norte, por considerar “só mato”, faz com que tenhamos uma imagem de que lá só tem indígena, e na verdade não é assim. Outro exemplo é pensar que o nordeste como todo é a Bahia, passando a imagem do nordestino, e do baiano como preguiçoso.
Uma característica marcante dos estereótipos é justamente essa, simplificar características complexas e tomar a parte pelo todo, restringir a percepção àquilo que se tem por “marca registrada” daquele grupo e que passa a ser reconhecido apenas por um adereço, palavra ou comportamento que apresente. 

Postado por: Laís Aline, Myrella Araújo e Nícollas Abreu.

domingo, 26 de junho de 2011

ANTIGAMENTE

ANTIGAMENTE, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-diogo. Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de altéia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água.

HAVIA OS QUE tomaram chá em criança, e, ao visitarem família da maior consideração, sabiam cuspir dentro da escarradeira. Se mandavam seus respeitos a alguém, o portador garantia-lhes: “Farei presente.” Outros, ao cruzarem com um sacerdote, tiravam o chapéu, exclamando: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, ao que o Reverendíssimo correspondia: “Para sempre seja louvado.” E os eruditos, se alguém espirrava
sinal de defluxo eram impelidos a exortar: “Dominus tecum”. Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso metiam a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam, quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias.

ANTIGAMENTE, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados com a boca na botija, contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu as botas. Uns raros amarravam cachorro com lingüiça. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. As famílias faziam sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que passasse à porta, desde que o moleque do tabuleiro, quase sempre um cabrito, não tivesse catinga. Acolhiam com satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e meca, trazia novidades de baixo, ou seja, da Corte do Rio de Janeiro. Ele vinha dar dois dedos de prosa e deixar de presente ao dono da casa um canivete roscofe. As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro. Infelizmente, alguns eram mais do que velhacos: eram grandessíssimos tratantes.

ACONTECIA o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a phtysica, feia era o gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos lombrigas, asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, botinas e capa-de-goma, a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O. London, não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.

MAS TUDO ISSO era antigamente, isto é, outrora.

Carlos Drummond de Andrade

Estamos finalizando o nosso trabalho. Agradecemos aos nossos seguidores e aos visitantes que nos prestigiaram nessa árdua tarefa, apesar de que foi uma experiência diferente e bastante proveitosa. Queremos agradecer em especial a nossa Professora Dra. Aluiza pela orientação, sugestões e incentivos no decorrer do nosso trabalho. 

ABRAÇOS VIRTUAIS A TODOS!


Postado por: LAÍS ALINE, MYRELLA ARAÚJO, NÍCOLLAS ABREU.

Variações Linguísticas

 Vale  ler  o texto abaixo e refletir sobre variantes linguísticas e o preconceito.

ASSALTANTE PARAIBANO ('sertanejo'; lógico!!) - Ei, bichim... Isso é um assalto... Arriba os braços e num se bula, num se cague e num faça munganga... Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim, se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora... Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia.

ASSALTANTE BAIANO - Ô meu rei...(pausa) Isso é um assalto...(longa pausa) Levanta os braços, mas não se avexe não... (outra pausa) Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado... Vai passando a grana, bem devagarinho (pausa pra pausa) Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado. Não esquenta, meu irmãozinho, (pausa) Vou deixar teus documentos na encruzilhada.

ASSALTANTE MINEIRO - Ô sô, prestenção... isso é um assarto, uai. Levanta os braço e fica quetin quêsse trem na minha mão tá cheio de bala... Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai! Tá esperando o quê, uai!

ASSALTANTE CARIOCA - Seguiiiinnte, bicho ...Tu te ferrou, mermão. Isso é um assalto. Perdeu, perdeu! Passa a grana e levanta os braços, rapá. Não fica de bobeira que eu atiro bem pra c... Vai andando e se olhar pra traz vira presunto.

ASSALTANTE PAULISTA - Ôrra, meu.... Isso é um assalto, mano. Levanta os braços, mano... Passa a grana logo, mano. Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pá comprar o ingresso do jogo do Curintia, mano... Pô, se manda, mano....

ASSALTANTE GAÚCHO - O guri, ficas atento... Bah, isso é um assalto. Levanta os braços e te aquieta, tchê! Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.

ASSALTANTE LÁ EM BRASÍLIA - Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que no final do mês, aumentaremos as seguintes tarifas: Energia, Água, Esgoto, Gás, Passagem de ônibus, Imposto de Renda, Licenciamento de veículos, Seguro Obrigatório, Gasolina, Álcool, IPTU, IPVA, IPI, ICMS, PIS, COFINS, CPMF, IMPOSTO DE RENDA ETC. 


 
Fonte: http://www.pedagogiaaopedaletra.com/wp-content/uploads/2011/04/VARIEDADE-LINGUISTAS.jpg
http://izaltablog.blogspot.com/2010/02/variantes-linguisticas.html

Postado por: Laís Aline, Myrella Araújo e Nícollas Abreu.

Artigo de opinião a respeito do livro didático de Língua Portuguesa "Por uma vida melhor"

Poderíamos, como Shakespeare, dizer que se trata de muito barulho por nada, mas preferimos nos ater a analisar o "barulho".


Não há polêmica, há ignorância e até exacerbada. Na realidade, temos acompanhado a falsa “polêmica” gerada a respeito do livro “Por uma vida melhor”.

Por que ainda se é tão difícil para um jornalista investigar a opinião dos cientistas da linguagem antes de expor suas considerações bastante preconceituosas? E, como algumas pessoas podem ser tão ignorantes ao reproduzirem a postura do que a mídia veicula?
É necessário ter um mínimo de conhecimento antes de se emitir uma opinião. O fato é que a língua, queridos leitores, é um fenômeno heterogêneo e cheio de possibilidades, não há como negar. E é essa heterogeneidade, essa diversidade que constrói a identidade de uma comunidade e de um povo.

O livro didático em questão não ensina "a falar errado", pelo contrário!

Antes de tecer algum comentário critico, procure saber o que diz o livro, não tome trechos isolados! Não se deixe manipular!

O que o livro apresenta é a diversidade linguística além, de abordar algumas das inúmeras possibilidades de uso da língua, considerando a adequação dos usos aos contextos comunicativos. 

Então, onde está a polêmica? Simplesmente não há!

A tentativa de criar está polêmica vai muito além de adotar uma postura preconceituosa, a mídia e os estudiosos que criaram toda está “polêmica” simplesmente ignoram e estigmatizam o trabalho de pesquisa de inúmeros estudiosos da linguagem. Está sim, é a maior ignorância, desconsiderar o trabalho científico dos estudiosos da linguagem. 

Convidamos a todos, queridos leitores, a lerem as opiniões de pessoas que entendem o que dizem e que tem legitimidade para expressar suas opiniões sobre o assunto. Para isto, temos vários links informacionais e vídeos no nosso blog. Aproveitem! Fica disponível o material para quem quiser conhecer um pouco mais do mundo da Sociolinguística.
 

Postado por: Laís Aline, Myrella Araújo e Nícollas Abreu.

 

 

sábado, 25 de junho de 2011

Fórum de discussão

Olá queridos leitores, nosso fórum de discussão ocorreu ontem às 17:00 horas.
Estamos colocando o material a disposição de todos que desejem conhecer mais sobre a Sociolinguística e os falares do Brasil.

Myrella Araujo disse: Olá, pessoal. Vamos começar o fórum?

Nícollas Abreu disse:  Vamos, Myrella. 

Aline Fahel disse:  Podemos começar...

Myrella Araujo disse:  1) Nícollas e Aline, no decorrer desse dias pesquisamos sobre diversos assuntos. Na opinião de vocês, qual foi a pesquisa mais interessante?

Nícollas Abreu disse:  Bom, Myrella, para mim todas as pesquisas relacionadas ao blog foram de fundamental importância. Mas eu posso afirmar, com toda certeza, que as mais interessantes são aquelas que apresentam como tema sotaques e dialetos.

Nícollas Abreu disse:  Além de mostrar vídeos cômicos, ensina a diversidade cultural e mostra também os diferentes falares do Brasil.

Aline Fahel disse:  Para mim, todos os assuntos foram interessantes e seria muito difícil de escolher um assunto, mas o que mais chamou minha atenção não foi necessariamente um tema, mas foi o fato de como descobrimos a nossa língua portuguesa durante estes dias de blog. Os dialetos, os sotaques, a língua escrita, a língua falada e ainda que a língua portuguesa tem um dia que a representa.

Aline Fahel disse:  Bom, tudo foi válido, além de que também pudemos desfrutar da Sociolinguística e devo revelar a vocês que não a conhecia antes como conheço agora. Uma experiência muito produtiva.

Myrella Araujo disse:  2) Com base em seus estudos em Sociolinguística, o que é Preconceito Linguístico? 

Nícollas Abreu disse:  Com base nos meus estudos, posso afirmar que o preconceito linguístico é aquele em que todas as variantes não prestigiadas pela sociedade sofrem uma certa discriminação. Não só porque diz respeito às classes sociais a que os falantes pertencem, mas, também, porque consideram que a variante prestigiada é aquela de quem apresenta um poder aquisitivo maior ou que tem uma função importante na sociedade.

Aline Fahel disse:  O preconceito linguístico é uma forma de preconceito em relação a determinadas variantes linguísticas. A noção de "certo" imposto pelo ensino tradicional da gramática normativa origina a estigmatização de formas não-padrões. Em suma, o preconceito linguístico é uma atitude que consiste na discriminação ao modo de falar de uma pessoa. E é alimenta pelas classes sociais que dominam, e por quem teve acesso a uma boa educação. Este rótulo "Preconceito linguístico", na realidade encobre um preconceito social. Então, não é somente a maneira de falar de um individuo ou comunidade que sofre preconceito, mas a identidade social e individual do falante.

Myrella Araujo disse:  3) Qual a opinião de vocês a respeito de variação linguística, mídia e o preconceito?

Nícollas Abreu disse:  Eu acho que, antes de tudo, a variação linguística é fundamental. São diferentes povos e culturas nesse país, logo é essencial que todos nós tenhamos conhecimento dessa variedade. A mídia está relacionada ao preconceito linguístico, pois é também por meio dela que podemos perceber a discriminação quanto à variante não prestigiada na sociedade. Já com o preconceito, eu não concordo. Nós temos que usar as variantes de prestígio de acordo com a situação na qual nos encontramos, mas podemos conforme a norma popular em outras situações que não exijam uma certa formalidade.

Aline Fahel disse:  Eu acredito que a variação linguística tem fundamental importância na só à linguagem, mas a sociedade. E é uma característica de um povo, de uma comunidade. Se todos fossemos iguais qual seria a graça? Bom, então deu para perceber que sou totalmente a favor da variação linguística e que eu acredito que todos os indivíduos deferiam ter o conhecimento dela. Já a mídia, bom as classes sociais que dominam e que constroem, de certa forma, as variantes estigmatizadas se utilizam bastante dela. O que gera de forma, eu acho que é intencional, o preconceito. Então não sou a favor de quem se utiliza da mídia para estigmatizar. Em relação ao preconceito, eu sou totalmente contra. Apesar de saber que nós devemos utilizar as formas que são ditas pela gramática normativa, e eu a faço, não gosto do fato de se utilizarem disto para estigmatizar.

Nícollas Abreu disse:  Agora, vamos continuar nosso fórum abordando outras questões.

Myrella Araujo disse:  Certo, Nícollas.

Aline Fahel disse:  Pode nos perguntar...

Nícollas Abreu disse:  1) Aline e Myrella, para vocês o MEC agiu corretamente ao apoiar a publicação do livro "Por uma vida melhor"?

Myrella Araujo disse:  Sim. Pois devemos saber que existe um padrão e suas variantes linguísticas. O preconceito vem do desconhecimento que as pessoas possuem a respeito de variantes ditas estigmatizadas.

Aline Fahel disse:  Sim. Pois os alunos necessitam conhecer e aprender a norma padrão, e por não conhecer as variantes linguísticas, pois em nada diminuirá os seus conhecimentos e, sim lhe serão acrescentados.

Nícollas Abreu disse:  2) Vocês acham que esse livro ensina o aluno a falar errado?

Myrella Araujo disse:  Não. O aluno precisa desenvolver a capacidade de reconhecer que existe uma diversidade linguística e não apenas um padrão (como ensina as gramáticas normativas). Certo ou errado é uma discriminação. Afinal, o que existe são contextos de fala (adequado ou inadequado).

Aline Fahel disse:  Não. O livro não ensina o aluno a falar errado. Aliás, livro nenhum o faz. O livro apenas admite de forma clara e óbvia que a Língua Portuguesa falada tem muitas variantes e que não é correto se dizer que o falante está "certo" ou "errado" ao usá-las. A pessoa usa, dependendo da situação, a forma adequada ou a inadequada da fala. Aliás, a  sociolingüística tem muito a nos ensinar sobre este assunto.

Nícollas Abreu disse:  3) Vocês concordam com a afirmação da autora do livro, Heloísa Ramos: "Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Por exemplo, na hora de estar com os colegas, o estudante fala como prefere, mas quando vai fazer uma apresentação, ele precisa falar com mais formalidade. Só que esse domínio não se dá do dia para a noite, então a escola tem que ter currículo que ensine de forma gradual". Por quê?

Myrella Araujo disse:  Concordo, pois a escola é formadora de opinião. O aluno tem que ser capaz de refletir sobre questões a respeito da linguagem. A língua é uma pratica social e como tal, deve ser respeitada em sua diversidade.  

Aline Fahel disse:  Sim, eu concordo. Pois o que a autora fala é a pura realidade. Quem não sabe que existe sim uma adequação da linguagem dependendo da situação de interação. E é de fundamental importância o papel da escola neste ensino gradual, pois ela forma opiniões que acabavam refletindo na sociedade como um todo. E trazer uma questão como está para o ensino ajudaria os alunos a refletir a linguagem.

Aline Fahel disse:  Bom, pessoal... Para terminarmos nosso fórum de discussão vamos discutir sobre algumas questões que vou perguntar agora, OK?



Aline Fahel disse:  1) Myrella e Nícollas, no livro Preconceito Linguístico, de Marcos Bagno, o autor nos apresenta A mitologia do preconceito linguístico, Bagno considera oito mitos de preconceito linguístico, dos quais o autor diz também ser o motivo da permanência do preconceito linguístico na vida e na fala dos brasileiros. Então qual ou quais dos oito mitos que nos são apresentados vocês consideram o mais "absurdo"? Por quê?

Myrella Araujo disse:  1. "A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente."
O Brasil é um país de diversidade linguística. Em que a unidade só se apresenta para os conservadores que defendem a gramática normativa como padrão.

2. "Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português.”
Os Português apresenta vertentes que podem ser do Brasil ou de Portugal, mas isso não quer dizer que existe um país que fale um português correto. 

3. "Português é muito difícil."
O português é uma língua rica em regras, mas isso não quer dizer que seja difícil.   

4. "As pessoas sem instrução falam tudo errado."
As pessoas sem instrução não falam errado. Apenas se utilizam de variantes regionais para se comunicar. Dependendo do contexto em que for utilizada pode ser inadequada, mas não errada.

5. "O lugar onde melhor se fala português é no Maranhão."
Não existe um local no Brasil em que se fale correto. Podem acontecer de um determinado lugar utilizar mais a variante de prestígio.

6. "O certo é falar assim porque se escreve assim."
Ninguém fala da maneira que escreve.

7. "É preciso saber gramática para falar e escrever bem."
A pessoa pode saber gramática e não escrever nem falar bem. O domínio das regras não garante um bom desempenho.

8. "O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social."
Não necessariamente.

Nícollas Abreu disse:  Bom, vou listar aqui as mais absurdas, em minha opinião:
2. "Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português.”
Não é uma questão de o brasileiro não saber falar bem o português. Cada país tem a sua forma de se expressar, não tendo em Portugal a forma correta e, sim, uma forma diferente da brasileira.

3. "Português é muito difícil."
A Língua Portuguesa é uma língua bem diversificada e com várias regras, não sendo necessariamente difícil.

4. "As pessoas sem instrução falam tudo errado."
As pessoas sem instrução falam de acordo com a variante com que estão acostumadas a usar. Não é que essas pessoas falem errado, é uma questão de que a variante deve ser empregada adequadamente de acordo com a situação.

5. "O lugar onde melhor se fala português é no Maranhão."
Não há um lugar no país onde se fale melhor ou pior. O que pode acontecer é um maior uso de variantes de prestígio ou variantes desprestigiadas em determinadas regiões.

6. "O certo é falar assim porque se escreve assim."
Concordo com afirmação da Myrella, ninguém fala da maneira que escreve.

7. "É preciso saber gramática para falar e escrever bem."
Nem todos que apresentam um domínio da gramática sabem falar e escrever bem.

Aline Fahel disse:  2) Nós apresentamos no nosso blog vários dialetos. Vocês poderiam citar uma característica peculiar de cada dialeto que apresentamos durante nossas postagens? E qual dos falares do Brasil vocês mais gostaram de conhecer? Por quê?

Myrella Araujo disse:  No dialeto caipira, o verbo não é flexionado como acontece na norma culta -- onde se obedece à concordância numérica -- mas conjuga-se no singular.
No dialeto nordestino, a omissão do artigo definido antes de nome próprio com a função implícita e instintiva de diferenciar objetos.
No dialeto gaúcho, um das características é a forte entonação da última vogal nas palavras terminadas em "e" (por exemplo, "leite", "frente"), diferentemente de outras regiões do país que trocam o "e" por "i" ("leiti", "frenti").
No dialeto mineiro, o "r" é pronunciado como uma consoante aspirada: rato.
No dialeto nortista, quase não existe o emprego de "você", salvo as formalidades.
É muito difícil escolher um, pois todos são riquíssimos e cada um apresenta uma característica peculiar. O que os torna únicos e essa experiência foi muito enriquecedora para ter que escolher.

Nícollas Abreu disse:  No dialeto caipira, a forma com que as pessoas falam, por exemplo, em "capitá". Ocorre a exclusão do "l" e o acréscimo de um acento agudo no "a" final.
No dialeto nordestino, a omissão do artigo definido é bastante interessante. Como falam: "João foi comprar livros.” Em vez de falar: "O João foi compra livros."
No dialeto gaúcho, um das características mais interessantes são as gírias ou jargões usados por eles.
 No dialeto mineiro, ocorre um falar mais rápido, ao contrário de muitas outras regiões. Outra característica está relacionada ao diminutivo. Eles podem falar "mineirin" em vez de "mineirinho".
No dialeto nortista, eles tendem a usar mais ênclises a próclises, uma característica bem peculiar.
Não é fácil explicitar o que mais gostei, porque é essa variedade que é importante para a língua. Todas as peculiaridades apresentadas servem para mostrar a riqueza e a diversidade encontradas nas diferentes regiões do país. 

Aline Fahel disse:  3) Com base nos estudos em Sociolinguística, porque as pessoas se utilizam das formas consideradas de prestígio, e assim, evitam o uso das formas estigmatizadas? E vocês, ainda utilizando seus conhecimentos em Sociolinguística, poderiam conceituar: variável e variantes linguísticas?

Myrella Araujo disse:  Por causa do Preconceito linguístico existente na utilização de variantes estigmatizadas.  A variável linguística é, portanto, um conjunto de duas ou mais variantes. Estas, por sua vez, são diferentes formas linguísticas que veiculam um mesmo sentido.

Nícollas Abreu disse:  Isso ocorre porque quem não fala de acordo com as formas de prestígio, sofre estigmatização.  A variável linguística é o conjunto de duas ou mais variantes. As variantes linguísticas são as diversas formas encontradas em diferentes regiões do país e que apresentam um mesmo sentido.

Myrella Araujo disse:  Nosso fórum de discussão foi bastante proveitoso. Vocês também acharam?

Nícollas Abreu disse: Eu achei muito relevante todas às questões que abordamos hoje no nosso fórum. E você Aline?

Aline Fahel disse: Ah, eu também achei muito proveitoso. Falamos de tudo um pouco.

Aline Fahel disse:  Pena que nossos colegas não tenham participado. Iria ser outra ferramenta de relembrar tudo que já estudamos nas aulas de Sociolinguística.


Myrella Araujo disse:  Também acho.

Postado por: Laís Aline, Myrella Araújo e Nícollas Abreu.